Projeto “Prevenção das Toxicodependências com Jogos”

O presente texto surge na sequência da finalização do curso de Profissionalização em Serviço (CPS) na Universidade Aberta (UAb). Neste curso, no âmbito do Seminário de Práticas Pedagógicas, dei continuidade ao meu projeto de Jogos Pedagógicos com o tema “Prevenção das Toxicodependências com Jogos” desenvolvido em parceria com a Unidade Operacional de Intervenção em Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD) e pelos alunos do Colégio Salesianos Funchal.

Este projeto nasceu devido à necessidade de cumprir com uma meta curricular dos alunos de 8º ano – Criação e exploração de ambientes computacionais. Para isso, necessitava de um tema real que motivasse, só por si, os jovens a desenvolver os seus próprios jogos. Foi aqui que surgiu a UCAD com o tema real “Prevenção da Toxicodependência com Jogos”.

O meu papel neste projeto foi potenciar os jogos pedagógicos, em contexto de sala de aula, sensibilizar os alunos para a prevenção da dependência de substâncias psicoativas, dotar os alunos de conhecimentos sobre o álcool, tabaco e outras drogas e clarificar mitos e crenças acerca dos referidos consumos.

Trata-se de um projeto que é inovador, na medida em que pode ser trabalhado em qualquer área de estudo e estimula a aprendizagem através de jogos pedagógicos, fomentando a motivação e envolvimento dos jovens.

O Dr. Leonel Morgado e a Dr.ª Daniela Pedrosa ajudaram a melhorar o desenvolvimento dos jogos pedagógicos, introduzindo os modelos low-tech (como por exemplo: Prototipagem em Papel). Com este modelo, os alunos planeiam os seus jogos e demonstram no papel como irá ser desenvolvida a ação, como irá ser jogado o jogo, quais os obstáculos que iremos encontrar, qual a pontuação que iremos ter.

Para conseguir os resultados pretendidos, documentei-me junto da equipa da UCAD, sobre a temática subjacente neste projeto – Toxicodependência, tentando perceber como tudo se inicia, a degradação pessoal e familiar que normalmente acontece e como combater e clarificar as ideias preconcebidas dos jovens, que por vezes não têm qualquer fundamento e que induzem em erro. A base de trabalho utilizada sobre a temática foram as “quarenta perguntas mitos ou verdades” facultadas pela equipa da UCAD.

Não podemos esquecer que estes alunos têm entre treze e quinze anos e que tudo depende da forma como é veiculada a informação, para haver empenho e dedicação na elaboração dos jogos.

A perceção que tenho é que os alunos conseguem atingir os objetivos, percebem a mensagem do tema, ficam muito entusiasmados com o software Kodu e com a possibilidade de construir os seus próprios jogos. Por norma, todos os alunos superam as expetativas nos jogos. Mesmo os alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) conseguem atingir os objetivos e conseguem fazer o seu jogo.

Os recursos técnicos que os alunos precisam são: uma conta de e-mail no Google, internet, um computador em casa e outro na escola, com o software Kodu instalado e atualizado. Devem também ter as quarenta perguntas criadas pela UCAD e uma pen drive para poderem ter sempre cópias, para trabalhar offline ou ter redundância de cópias.

Este projeto teve o seu ponto alto no fim do ano letivo passado, quando foi apresentado ao Secretário Regional da Educação – Dr. Jorge Carvalho e ao Diretor Regional da Educação – Dr. Marco Gomes. Foi, inclusivamente criado um evento no Facebook.

No decorrer deste ano letivo, fui convidado a participar, como orador, no Seminário de comemoração do Dia Mundial da Internet, “Estou Online e agora?” organizado pelo IASAUDE, IP-RAM, com o tema “Programa Kodu – boas práticas na prevenção do consumo SPA” e no programa Madeira-Viva da RTP – Madeira.

Os alunos embora sendo muito jovens têm uma base de conhecimento de jogos muito acima da média, a maior parte do tempo, eles estão a jogar ou a utilizar o telemóvel. Urge, portanto, desenvolver a capacidade de inovar na transmissão da mensagem da prevenção da toxicodependência e foi aí que nós entrámos, eu, na qualidade de professor de Informática e a equipa da UCAD.

A criação de jogos pedagógicos faz todo o sentido e vejo com bons olhos esta partilha de conhecimento, para que seja adotada futuramente pelos docentes do grupo 550 nas suas escolas.

A evolução pedagógica e tecnológica só faz sentido quando os valores e os princípios sociais são transmitidos de forma a melhorar cada ser que está a beber o saber que lhe é transmitido.

 

Luís Berenguer
Aluno do Curso de Profissionalização em Serviço (CPS)

Newsletter UAb #103 – agosto 2017