(Português) O curso incide sobre a literatura portuguesa do século XVI, explorando a formação e as relações entre a poética e a retórica na literatura deste período. Parte da reflexão sobre uma das obras máximas do cânone, Os Lusíadas, para depois propor o estudo de diálogos literários, que têm tido pouquíssima visibilidade na atualidade.
Na parte introdutória, são propostas duas abordagens distintas para o estudo de Os Lusíadas: (1) a comparação com as Décadas da Ásia de João de Barros e (2) a observação dos efeitos das ações discursivas (e não físicas) das personagens (medo e esperança, sobretudo).
Na segunda parte, estuda-se um género textual cujo lugar no cânone literário português precisa ser redefinido: os diálogos literários. Dando sequência às reflexões iniciadas na primeira parte, propor-se-á o estudo de autores humanistas que produziram diálogos com pluralidade de vozes discordantes (pelo menos três personagens com personalidades distintas), estudados com base em instrumentos de análise retirados da narratologia e dos estudos retóricos.
Para facilitar a apreensão dos conceitos, serão propostas análises sucintas de textos de diferentes géneros textuais nos quais a forma dialogada exerce função importante (o cinema, a ópera, o teatro, o debate, entre outros) .
RECIPIENTS:
(Português) Para efeitos previstos no n.º 1 do artigo 8º e no artigo 9º do Regime Jurídico da Formação Contínua de Professores, a presente ação releva para efeitos de progressão curricular e cientifico-didática de Educadores de Infância e Professores dos Grupos 200, 300, 400.
ÁREA DE FORMAÇÃO – Prática pedagógica e didática na docência
Registo CCPFC/ACC-111219/21
Professores de ensino secundário*
*Embora as obras cujo estudo é proposto (à exceção de Os Lusíadas) não sejam referidas nos Programas e Metas Curriculares de Português - Ensino Secundário, o programa proposto para o presente curso articula-se direta e indiretamente com as metas curriculares estipuladas neste documento, nomeadamente: para o 10º ano, “Ler textos literários portugueses de diferentes géneros, pertencentes aos séculos XII a XVI”; para o 11º ano, “Reconhecer e caracterizar os elementos constitutivos do texto dramático”; “Reconhecer e caracterizar [...] elementos constitutivos da narrativa”; para o 12º ano: “Reconhecer valores culturais, éticos e estéticos manifestados nos textos”; “Valorizar uma obra enquanto objeto simbólico, no plano do imaginário individual e coletivo”; “Explicitar, em função do texto, marcas dos seguintes géneros: diálogo argumentativo e debate”.
GOALS:
(Português) OBJETIVOS GERAIS:
● refletir criticamente sobre a formação do cânone literário português;
● compreender os pontos de intersecção entre a poética e a retórica na literatura quinhentista ;
● aplicar conceitos da narratologia e dos estudos retóricos modernos no estudo dos diálogos literários quinhentistas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
● refletir sobre a consolidação de Os Lusíadas no cânone literário português;
● estudar a epopeia Os Lusíadas sob a perspetiva narrativa e retórica;
● identificar pontos de convergência e divergência entre o diálogo literário e o colóquio cotidiano;
● identificar características do diálogo literário;
● analisar diálogos literários sob a perspetiva narrativa, nomeadamente quanto à construção das personagens;
● aplicar técnicas de análise da construção das personagens em outros géneros dialogados, como o cinema, o teatro, a ópera e o debate televisivo;
● estudar os diálogos literários de João de Barros, Francisco de Holanda, frei Heitor Pinto, frei Amador Arrais e Diogo do Couto;
● utilizar dados quantitativos para o estudo dos diálogos literários.
CONTENTS:
(Português) PROGRAMA
APRESENTAÇÃO
Módulo 1
Apresentação de professores e estudantes, considerando as expectativas em relação ao curso.
INTRODUÇÃO
Módulo 2
Reflexão sobre o cânone literário português a partir da comparação de Os Lusíadas de Camões e as Décadas da Ásia de João de Barros.
Módulo 3
Estudo de Os Lusíadas como narração dialogada, cujas principais peripécias dizem respeito ao medo e à esperança.
Módulo 4
A importância dos diálogos literários na Antiguidade e no Renascimento; a sua posterior exclusão do cânone; diálogo literário simples x diálogo literário composto.
DIÁLOGOS LITERÁRIOS
Módulo 5
Oposição entre colóquio cotidiano e diálogo literário; análise de debate desportivo e da ópera Maria Stuarda; estudo de Imagem da Vida Cristã de frei Heitor Pinto (ênfase nas altercações entre as personagens).
Módulo 6
Os esquemas conversacionais pergunta-resposta e afirmação-negação; a diferença entre autor, autor implicado, narrador e personagem; análise de Um Filme Falado e Mercador de Veneza; estudo de Ropicapnefma de João de Barros (ênfase nos “discursos polémicos”).
Módulo 7
As figuras argumentativas de Perelman: presentificação, escolha e comunhão; análise de Central do Brasil e de entrevistas televisivas; estudo de O Soldado Prático de Diogo do Couto (ênfase na oposição entre fidalguia e interesses do reino).
Módulo 8
A formação das personagens segundo Rimmon-Kennan: complexidade, mudanças e aspetos psicológicos; análise do filme Othelo e de peças humorísticas; estudo de Diálogos de frei Amador Arraiz (ênfase na oposição entre religiosidade e vida secular).
Módulo 9
A influência do tamanho das falas e do grau de informalidade na construção do universo diegético; comparação entre pinturas renascentistas sobre o mesmo tema (sagrada família, anunciação, crucificação, etc.); estudo de Diálogos em Roma de Francisco de Holanda.
AVALIAÇÃO FINAL
Módulo 10
Escolha de tema e definição de diretrizes para a escrita de ensaio; entrega de ensaio.
METHODOLOGY:
Curso na modalidade e-learning , assíncrono, em que cada estudante gere o seu horário à medida das suas necessidades – veja o modelo pedagógico da UAb em https://portal.uab.pt/modelo-de-ensino/ .
ASSESSMENT:
(Português) Avaliação contínua 60%.
Avaliação final 40%.