A Cátedra Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização

A Cátedra Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização (CIDH), acolhida pela Universidade Aberta, foi criada no dia 1 de julho de 2015, com a assinatura do contrato-programa, numa cerimónia pública realizada no Salão Nobre da Universidade Aberta. Desde então, tenho baseado a minha ação enquanto diretor da Cátedra no cumprimento dos objetivos que nos propusemos alcançar no âmbito de cinco grandes eixos de ação: 1) internacionalização; 2) investigação e publicação de fontes inéditas da língua e das culturas portuguesa e lusófonas; 3) sistematização e publicação de conhecimento crítico por meio de monografias, obras dicionariais e plataformas digitais; 4) criação de oferta de formação avançada; 5) divulgação científica e cultural no meio académico e junto da comunidade.

Neste sentido, temos diversas iniciativas em curso, de entre as quais destaco as que passarei a apresentar sucintamente.

Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa

O desenvolvimento de planos para cumprir o intuito de pesquisar fontes inéditas e pouco conhecidas da língua e da cultura portuguesas, preparando-as para publicação sistemática, constitui-se como uma das grandes missões da Cátedra que dirijo. Comecei, por conseguinte, por apostar fortemente num projeto que espero ser um dos mais emblemáticos do arranque dos nossos trabalhos, tendo por horizonte o tópico programático de serviço científico à língua e às culturas portuguesa e lusófonas.

Assim, reunimos uma equipa de especialistas de várias universidades portuguesas, assessorados por bolseiros, para levar a cabo a investigação e a edição das Obras Pioneiras da Língua e da Cultura Portuguesas, um projeto científico e editorial de natureza interdisciplinar (que congrega dezenas de áreas e de subáreas científicas, do campo das ciências sociais e humanas e das ciências ditas duras e exatas), dirigido por mim e pelo Professor Carlos Fiolhais, diretor do Centro Rómulo de Carvalho, da Universidade de Coimbra.

A publicação da obra, em formato clássico, será assegurada pelo Círculo de Leitores. Além disso, criaremos uma plataforma digital para publicação das sinopses das obras e das resenhas biográficas dos autores envolvidos, em regime de atualização permanente.

   

Aprender Madeira

Ainda no âmbito da investigação e da produção de conhecimento sistemático, a CIDH está a promover, sob a minha liderança, a continuação e conclusão de um outro projeto que se tornará emblemático também na área dos Estudos Insulares, Aprender Madeira, bem como de um subprojeto associado, Dicionário Enciclopédico Madeirense. Envolvendo 27 áreas científicas, desde a história à biologia marinha, e mais de cinco centenas de investigadores nacionais e estrangeiros, este projeto configura-se como a maior operação científica de sempre no que respeita à pesquisa e produção de conhecimento crítico sistemático em torno do património material e imaterial do Arquipélago da Madeira na relação com o mundo global contemporâneo.

Os resultados estão a ser publicados progressivamente na plataforma de livre acesso Aprender Madeira, em modo de atualização permanente. E está igualmente prevista uma edição em papel, da qual já foi publicado o Volume Antezero do Dicionário Enciclopédico da Madeira, pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Dicionário dos Antis: A Cultura Portuguesa em Negativo

Considero relevante referir a preparação de um projeto a realizar no âmbito de um novo campo científico que estamos a desenvolver, a que chamámos “Culturas em Negativo”. Este projeto consiste na pesquisa e redação do Dicionário dos Antis: A Cultura Portuguesa em Negativo, e da sua réplica brasileira: o Dicionário dos Antis: A Cultura Brasileira em Negativo. De natureza interdisciplinar e transdisciplinar, este projeto dicionarial envolve mais de 300 colaboradores de 15 áreas de conhecimento e provenientes de diversas universidades portuguesas, brasileiras e de outros países.

A edição da obra em língua portuguesa será levada a cabo pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda; a versão brasileira está a ser realizada no quadro da Universidade Federal de Sergipe, contando com o apoio de instituições públicas de financiamento científico do Brasil.

Portugal em Jogo de Espelhos

A coleção Portugal em Jogo de Espelhos nasceu de um projeto preparado para atender ao desafio de pensar Portugal e de contribuir para a reflexão crítica sobre a identidade do nosso país, construída, em boa parte, na sua relação com os outros povos. Trata-se de proporcionar um verdadeiro jogo de espelhos, aceitando observar Portugal a partir do olhar inscrito nos discursos culturais de outros países e, dentro do nosso país, das diferentes regiões.

Este projeto é levado a cabo por uma equipa multidisciplinar (da área das ciências sociais e humanas) e internacional, contando com a participação de académicos de renome a quem é pedido um esforço de síntese no sentido da produção de um texto sobre o que se disse e se pensou sobre Portugal, no seu país ou região, de maneira representativa e ilustrativa, nos vários séculos da sua existência.

Este trabalho implica o levantamento, a seleção, caracterização e interpretação das representações expressas nos diferentes discursos culturais que têm como pano de fundo o modo como os diferentes povos se relacionaram historicamente com Portugal, desde o plano político, passando pelo económico, literário, cultural e religioso. Requer ainda a investigação de um conjunto variado de fontes, desde tratados historiográficos, textos poéticos, ficcionais e de viagens, representativos das diferentes épocas históricas, até discursos políticos e escritos jornalísticos, sem descurar fontes iconográficas e cinematográficas.

Portugueses de Papel

Na área das Ciências Literárias, e numa perspetiva transatlântica luso-brasileira, está a ser desenvolvido o projeto Portugueses de Papel. Personagens portuguesas do romance brasileiro, investigação por meio da qual se pretende analisar as representações das personagens portuguesas no romance brasileiro.

Este projeto conta com a colaboração de investigadores de várias universidades brasileiras, portuguesas e dos Estados Unidos da América. Como um dos resultados da investigação desenvolvida, além da organização de seminários e de colóquios, estão a ser preparados verbetes que integrarão uma plataforma digital de acesso livre desenvolvida para o efeito, numa parceria estratégica com a Universidade do Colorado (EUA).

Seminário Permanente de Estudos Globais – A Globalização de Rosto Humano

Finalmente, considero importante destacar uma iniciativa que está a ser desenvolvida pela Universidade Aberta, através da CIDH, e pela Imprensa-Nacional Casa da Moeda, em associação com a Sorbonne e a Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Refiro-me ao Seminário Permanente de Estudos Globais, um ciclo de conferências realizado mensalmente, com o principal objetivo de possibilitar a reflexão acerca do fenómeno da globalização.

Esta iniciativa visa promover a compreensão da globalização como fenómeno complexo e suscitar a colaboração de pessoas de diferentes quadrantes políticos, religiosos e filosóficos, tendo em vista a promoção de um globalismo respeitador da dignidade humana em todas as dimensões da vida. Para isso, as conferências são transmitidas em tempo real através do nosso site, precisamente porque queremos que cheguem a um número significativo de pessoas, das mais diversas partes do mundo.

     

Por fim, queria deixar o convite para visitarem a nossa página web, onde poderão conhecer os nossos projetos e as atividades que temos desenvolvido, nomeadamente através do CIDH Boletim, uma newsletter com notícias ilustradas que preparamos e divulgamos regularmente.

 

José Eduardo Franco

Diretor da CIDH

Newsletter UAb #107 – dezembro 2017