Na sequência da recente aprovação da Cátedra de Estudos Globais pelo Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH), colocámos algumas questões ao professor José Eduardo Franco, diretor da Cátedra FCT/Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização (CIDH).

NewsUAb: De forma sucinta, explique-nos a proposta de estabelecer uma Cátedra CIPSH de Estudos Globais na Universidade Aberta

JEF: A Cátedra de Estudos Globais aprovada pelo Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH) tem como objetivo a produção de conhecimento numa perspetiva interdisciplinar sobre os fenómenos resultantes da globalização, para a compreensão e análise das interconexões entre pessoas e sistemas relativos à economia, ambiente, cultura e educação. Pretende promover uma formação e investigação avançadas de forma a melhor preparar especialistas a lidarem com os principais temas, problemas e alternativas do processo de globalização, criar um conhecimento crítico e capacidade para intervir na construção de uma sociedade global sustentável do ponto de vista ecológico, social e económico.

Tomando partido das possibilidades da educação a distância em e-learning, como também a experiência e reconhecimento dos seus investigadores em campos de conhecimento aplicado no âmbito desta Cátedra, a Universidade Aberta assume a responsabilidade de garantir as necessidades de educação interdisciplinar de investigadores e profissionais residentes no território português mas também em países de expressão portuguesa e em comunidades portuguesas noutros países, de forma a contribuir para o fortalecimento da comunidade científica em língua portuguesa por todo o mundo, com a criação de uma rede de interessados no campo do ensino e na investigação.

NewsUAb: Sendo esta uma nova área interdisciplinar que concentra a atenção internacional e envolve vários outros especialistas e instituições parceiras, qual a importância da e para a Universidade Aberta?

JEF: A aprovação desta cátedra inserida numa rede académica mundial é de significativa importância enquanto plataforma de intercâmbio e projeção internacional do trabalho científico e pedagógico que desenvolvemos, quer através de projetos e de eventos científicos, quer através do programa de doutoramento em Estudos Globais.

NewsUAb: A Cátedra também poderá projetar e realizar várias publicações?

JEF: Sim, estão naturalmente previstas publicações, pois estas são fundamentais dado que são o ponto de chegada, a meta relevante dos trabalhos de investigação. Através da publicação promovemos a disseminação do conhecimento produzido e fazemo-lo chegar a um público mais vasto, atendendo a uma das missões fundamentais da Universidade que é realizar a transferência de conhecimento em ordem a beneficiar a sociedade. Para este efeito, destaco alguns projetos de publicação mais relevante equacionados e, alguns deles, já em fase e implementação: a criação de uma Revista de Estudos Globais, a fundação de coleções de Estudos Globais e a linha de publicação de “histórias globais”. Neste mês, teremos já um resultado apresentado publicamente, inscrito nesta última linha temática, de investigação, reflexão crítica e projeção de projetos inovadores que foi desenvolvido em paralelo com a preparação do programa de doutoramento em Estudos Globais e da conceção de uma cátedra de Estudos Globais: a História Global de Portugal.

NewsUAb: Quais os primeiros passos que vão ser dados?

JEF: Aprovada a Cátedra, importa, numa primeiríssima fase, confirmar os membros dos órgãos de aconselhamento científico e pedagógico, bem como as equipas de trabalho de investigação que se tinham disponibilizado durante a preparação da candidatura para participar nas iniciativas desta Cátedra. Estabilizado o organigrama científico e executivo, passaremos e dinamizar as diferentes equipas de trabalho associadas aos diversos projetos de forma a que possam arrancar de forma programada e com os objetivos a atingir bem definidos. Uma tarefa fundamental e ingente para dar consistência e exequibilidade aos projetos é a demanda de recursos financeiros para sustentar adequadamente a realização das iniciativas que a Cátedra tem em plano concretizar. Este é um trabalho diário, difícil, por vezes ingrato, que exige determinação e resiliência, sendo absolutamente decisivo para o sucesso desta Cátedra de Estudos Globais.

Outubro 2020 #142