Flexibilidade, interação, inclusão digital e uma aprendizagem centrada no estudante. Estes quatro pilares compõem a base do Modelo Pedagógico Virtual (MPV) da Universidade Aberta (UAb). Publicado em 2007, o MPV tem informado docentes, estudantes e a própria Universidade a criar uma identidade que é única no espaço de ensino superior em Portugal. Estes eixos foram sendo desenvolvidos pela comunidade académica através do planeamento pedagógico, das estratégias de ensino e de aprendizagem, dos regulamentos e das práticas instituídas na instituição.
A sociedade prevê-se cada vez mais digital, e estas mudanças tecnológicas irão, inevitavelmente, produzir um impacto na forma como encaramos o MPV. A evolução tecnológica permitirá à UAb chegar mais próximo dos nossos estudantes; permitirá conhecê-los melhor, dar-lhes as respostas mais adequadas e mais personalizadas; escolher de que forma querem aceder aos conteúdos; ou dar-lhes uma resposta imediata em relação às dúvidas que têm sobre as atividades de aprendizagem ou momentos de avaliação.
A Universidade está a preparar-se para este futuro. Num futuro muito próximo será possível ao estudante da UAb ser avaliado totalmente online e, ao mesmo tempo, à Universidade acompanhar este processo, monitorizando a qualidade da avaliação e identificando quando o estudante está a ter problemas no processo de avaliação das aprendizagens. Estamos a trabalhar para criar um mecanismo de avaliação online tornando-o mais automatizado, mais robusto e mais transparente para o estudante e para a Universidade.
A Universidade ambiciona identificar quais os estudantes em risco identificando estratégias de acompanhamento e de suporte. Este acompanhamento permitirá à Universidade estar mais próxima do estudante, conhecer os seus hábitos de estudo, as suas dificuldades e necessidades de aprendizagem. Será possível interagir com um chatbot que direcionará o estudante para as respostas sobre o seu curso, sobre a Universidade, sobre a época de exames ou sobre o pagamento das propinas. Será possível ao docente ter um mecanismo de avaliação da acessibilidade dos seus conteúdos e, à distância de um click, torná-los totalmente acessíveis a estudantes com necessidades educativas especiais. Será possível aos estudantes escolherem o formato dos recursos que querem aprender.
Num futuro mais longínquo será possível ao estudante monitorizar o seu percurso de aprendizagem comparando-o com a média dos estudantes da Universidade; comparar a sua escrita no presente e no passado; e ter feedback imediato na correção da escrita ou na correta utilização de fontes bibliográficas. Este tipo de sistema de tutoria digital revolucionará o ensino e aprendizagem, em particular num contexto de educação a distância. O estudante sentir-se-á mais acompanhado ao longo do processo, pois tem um acompanhamento mais próximo do docente e da Universidade. Estas são algumas das tendências educativas que emergem com as potencialidades da Inteligência Artificial, do reconhecimento de voz ou facial, do Machine Learning ou dos Learning Analytics.
Mas com o crescimento da tecnologia, colocar-se-ão questões de dimensão ética no tratamento dos dados e na utilização da informação. Terá de haver um compromisso entre os estudantes e a Universidade para que, em conjunto, e em diálogo contínuo, naveguemos na mesma direção. Respeitando a privacidade, mas ao mesmo tempo garantindo que a tecnologia consegue utilizar os dados de forma a concretizar os necessários avanços tecnológicos e a forma como ensinamos e aprendemos. Esta transformação permitirá, de uma forma ainda mais adequada, responder a uma Universidade mais inclusiva, flexível, que promove a interação entre estudantes e docentes com o objetivo de fomentar a aprendizagem centrada no estudante.
Diogo Casanova
Vice-reitor para a Inovação e Qualidade
Fevereiro 2022#158