Para que serve aprender?

O webinar “Para que serve aprender?”, integrado no conjunto de atividades promovidas pelos Centros Locais de Aprendizagem (CLA) da Região Centro da Universidade Aberta, reuniu estudantes da UAb em torno de uma reflexão aprofundada sobre o significado, os fins e o valor da aprendizagem no mundo contemporâneo.

A sessão foi dinamizada por Rui Rego, Professor Auxiliar Convidado na Universidade Aberta e investigador do Centro de Estudos Globais da UAb, cuja intervenção abordou a aprendizagem como uma experiência existencial, ativa e transformadora. Organizada em três atos e sete andamentos, a palestra propôs uma viagem intelectual pelos domínios da filosofia, da literatura e da educação, convidando os participantes a questionar conceções instrumentais e utilitaristas do aprender.

No primeiro ato, o orador destacou o espanto como ponto de partida do aprender, sublinhando a importância da abertura ao desconhecido e da capacidade de interrogar preconceitos. A pergunta foi apresentada como um verdadeiro ato de resistência e de expansão do saber, evocando Sócrates e a maiêutica como modelos de diálogo honesto e transformador.

O segundo ato centrou-se na tensão entre o velho e o novo na educação, a partir do pensamento de Hannah Arendt. Rui Rego salientou que aprender implica transmitir o legado do passado sem abdicar da abertura ao novo, introduzindo a categoria da natalidade: educar é preparar para começar, não apenas para repetir. A aprendizagem surge, assim, como exercício de responsabilidade pelo mundo, ampliando escolhas e desenvolvendo pensamento crítico, onde a leitura e o diálogo assumem um papel ativo e ético.

No terceiro ato, a reflexão incidiu sobre o caráter e a criatividade, defendendo que a aprendizagem não é neutra e pode ser colocada ao serviço do bem ou do mal. Inspirando-se em narrativas literárias e filosóficas, o orador concluiu com uma defesa do ócio criativo e da inutilidade produtiva, evocando Agostinho da Silva e a figura do “poeta à solta” como símbolo da liberdade, da imaginação e da capacidade de criação. Aprender, afirmou, não serve apenas para produzir, mas para preparar os indivíduos para a liberdade e para a permanente novidade do mundo.

A sessão foi amplamente elogiada pelos participantes, que a classificaram como inspiradora, estimulante e profundamente humanista. Os comentários recolhidos nos inquéritos de avaliação destacam a qualidade da comunicação, o rigor e a clareza da reflexão, bem como a pertinência do tema. O webinar reforçou o compromisso da Universidade Aberta com a promoção de espaços de reflexão crítica, diálogo académico e valorização da dimensão humana da aprendizagem, contribuindo para o enriquecimento da experiência académica dos seus estudantes e para o fortalecimento da comunidade universitária.

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