50 anos do 25 de abril

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.

Sophia De Mello Breyner Andresen

Passaram 50 anos depois do 25 de abril de 1974. Muito mudou desde a revolução dos cravos. Com a instituição da democracia, Portugal ganhou novos horizontes, voltou-se para a Europa e abriu novas oportunidades.

Grande parte da população portuguesa já nasceu depois da Revolução. Os mais jovens têm alguma dificuldade em perceber como era viver em ditadura. Especialmente para eles, deixamos algumas curiosidades desses tempos, para que a memória não se apague:

  • Na escola, os rapazes e as raparigas eram separados. Não havia turmas mistas;
  • Não havia liberdade de expressão. Não se podia dizer mal do governo, nem emitir opinião contrária. Os jornais, os livros e as músicas tinham de passar pelo crivo da censura, o famoso “lápis azul”;
  • O direito ao voto não era universal e livre. Ao contrário dos homens, que desde 1945 podiam votar mesmo sendo analfabetos, as mulheres só tinham acesso às urnas com o equivalente ao curso de liceu (ensino secundário) ou se fossem “chefes de família” (por viuvez ou marido ausente);
  • As pessoas não se podiam juntar na rua para falar ou discutir ideias. Não existia o direito de reunião e de livre associação e as manifestações eram proibidas;
  • Não era permitido festejar o Dia do Trabalhador. A celebração do 1.º de maio de 1974, apenas uma semana após a revolução do 25 de abril, permanece ainda hoje como a maior manifestação popular da história portuguesa: mais de um milhão de pessoas saíram à rua;
  • Os filhos nascidos fora do casamento eram considerados “ilegítimos”;
  • As telefonistas, as enfermeiras, hospedeiras da TAP e as funcionárias do Ministério dos Negócios Estrangeiros eram proibidas de casar;
  • Todas as pessoas nascidas nas ex-colónias eram consideradas “Portugueses de 2.ª, independentemente da cor da pele.

A Universidade Aberta visitou a exposição As Mulheres de Maria Lamas, patente ao público até 28 de maio na Fundação Calouste Gulbenkian, e realizou a reportagem que aqui apresentamos:

A exposição dá a conhecer a obra fotográfica de Maria Lamas (1893–1983), jornalista e escritora, pedagoga e investigadora, tradutora e fotógrafa, lutadora pelos direitos humanos e cívicos em tempos de ditadura.

Sobre a temática do 25 de Abril, sugerimos a visualização de dois documentos que integram o Arquivo Audiovisual da UAb 

 

→ Para saber mais sobre a efeméride aceda à página comemorativa dos 50 anos do 25 de abril

ABRIL 2024 #184