Desde a criação da nossa universidade, irá completar 31 anos em 2 de dezembro do presente ano, foram várias as mudanças nas políticas de educação superior. A implementação do Espaço Europeu de Educação Superior (EEES) no ano 1999 supôs o nascimento de uma nova forma de entender a universidade.
A adaptação da nossa universidade a estas mudanças políticas, sociais e tecnológicas revela a força intrínseca da UAb e a sua capacidade de assimilar, estudar e percecionar as mudanças que se produzem no seu meio e continuar com a sua missão ao serviço da formação, do conhecimento e da investigação para a sociedade.
O lema que tem caraterizado a UAb é sobejamente conhecido, “em qualquer lugar e sem distâncias” mas gostaríamos de destacar um outro, não menos importante, que igualmente esteve sempre presente no percurso da nossa instituição, e que é “o valor de avançar”. A nossa capacidade de progresso e de aperfeiçoamento foi sempre aquele valor acrescentado, tanto no que diz respeito à nossa atividade profissional como no que diz respeito ao engrandecimento da nossa instituição.
Devemos ser capazes de nos adaptar às mudanças, atualizar os nossos recursos e dar resposta às novas solicitações societais. Mas para assumir esses desafios, isto só será possível se contarmos com a coragem, a determinação e com a participação e o envolvimento de toda a nossa comunidade. É necessária uma atitude positiva e inovadora, alicerçada sobre a base de um conhecimento profundo da nossa universidade, que nos permita projetar o seu potencial de forma renovada, mas preservando os pilares do seu carácter diferencial e o rigor que sustenta a confiança no serviço público que presta à sociedade. Nos tempos em que vivemos é condição imprescindível que a UAb possa contar com uma liderança clara e uma governança eficaz, responsável, participativa e especialmente dinâmica e proativa.
Nos seus 31 anos de existência a UAb conseguiu ser uma instituição de referência na formação universitária do nosso país. Dia-a-dia temos conseguido, entre todos, construir a UAb atual, uma universidade que conta para a definição de políticas públicas (veja-se o Regime Jurídico do Ensino Superior ministrado a Distância), que goza da confiança dos nossos estudantes e da sociedade em geral.
Partindo do prestígio já alcançado, precisamos de continuar, mais do que nunca, temos que consolidar a afirmação do atributo “o valor de avançar”. Não tenhamos ilusões, encontramo-nos num meio social e académico em mudança contínua, acelerado e muito competitivo. As formas de ensinar e aprender nesta incontornável e improrrogável era digital estão a acabar com a distinção entre o presencial e o não presencial, e surgem novas propostas e ofertas. Vivemos um momento de inflexão para a formação superior, com uma mudança de paradigma no qual a formação universitária deixa de estar centrada numa etapa concreta, naquela formação que era predicado, privilégio e prerrogativa de ser a formação para a vida, para desempenhar um papel de “acompanhante contínuo” em todo o ciclo vital e do desenvolvimento profissional das pessoas.
Neste contexto, a missão da UAb, como universidade pública, com a sua presença próxima através da sua rede de Centros Locais de Aprendizagem e a sua capacidade para oferecer uma formação flexível e compatível a par de outras atividades de extensão e transferência de conhecimento, arroga-se e assume nova importância. Está nas nossas mãos o saber aproveitar esta conjuntura para prestar o nosso serviço público na melhor versão possível, fortalecer a nossa liderança e aumentar a nossa relevância.
Estamos perante um momento apaixonante associado aos enormes desafios inerentes à publicação do recente Decreto-Lei n.º 133/2019 que aprovou o regime jurídico do ensino superior ministrado a distância, que coloca a tónica na promoção do ensino superior a distância, de qualidade em língua portuguesa em todo o mundo e que dá à nossa Universidade uma centralidade inquestionável. Uma centralidade que se traduzirá na necessidade de estimular a nossa oferta formativa com o objetivo de formar no mínimo 50 mil adultos até 2030, e que desejavelmente nos levará a criar ofertas de graus conjuntos com outras instituições de ensino superior através de redes e consórcios. Este enorme desafio que visa, sobretudo, a expansão do nível de influência da lusofonia e do ensino em português, exigem, pois, para além do profundo conhecimento do que é a UAb, a consolidação, num futuro próximo, de uma estratégia de modernização por parte da nossa Universidade.
Finalmente, sou um convencido entusiasta do valor diferencial da UAb, que a faz ser única, da sua capacidade e do seu grande potencial emancipador e igualitário, bem como das enormes oportunidades e desafios que se lhe apresentam no contexto atual. Não há outra instituição semelhante nem no espaço/sistema público nem no privado quer pela sua implantação quer pela sua vocação social. Cumpre-nos perante toda a comunidade universitária reivindicar o espaço que deve ocupar a UAb na sociedade portuguesa e nas outras sociedades de língua portuguesa, às quais presta serviço como bem público, e avaliar em que posição real se encontra e onde queremos que esteja na próxima década. Vivemos um momento apaixonante, carregado de desafios que requerem iniciativa e esforço, mas que nos perspetivam um futuro prometedor. Estou convencido de que com o esforço e o compromisso de toda a comunidade universitária responderemos aos desafios que a sociedade necessita e às expetativas de que os cidadãos esperam de nós.
Um bom ano letivo.
Domingos Caeiro
Vice-reitor para a Gestão Académica e Interação com a Sociedade
Outubro de 2019 #130