Erasmus+ além-atlântico

Partilho breves palavras sobre uma ida à Europa além do Atlântico, neste mês de junho, apoiado pelo programa Erasmus+.

As primeiras notas devem ser de agradecimento pelo suporte do programa Erasmus+, de modo particular ao Gabinete de Comunicação e de Relações Internacionais da Universidade Aberta, na pessoa da Dr.ª Isabel Rego Santos, e ao Centro de Estudos Globais, na pessoa do seu Diretor, Professor Doutor José Eduardo Franco, pelo apoio e tempo disponibilizado para esta viagem e encontro científico. Agradeço fundamentalmente o bom acolhimento que o Pró-Reitor da Universidade de Guiana, França Ultramarina, o Professor Doutor Rosuel Lima-Pereira, nos deu, bem como os bons frutos amadurecidos durante o nosso encontro.

A Guiana Francesa pretende realizar um grande congresso em torno da Amazónia e o Centro de Estudos Globais apresenta-se como um parceiro indispensável. O Centro pretende apresentar a Rede Internacional de Estudos Globais e uma das vertentes de que se ocupa a sua investigação elementar é o meio ambiente, a habitabilidade planetária, o pensamento complexo e global. Pudemos alinhavar esse futuro trabalho conjunto, como primícia de uma parceria a crescer e a reforçar.

Há sempre algo de ético numa deslocação — “A fraternidade da viagem” —, como a designa Álvaro de Campos. São encontros com rostos e perspetivas que, sem os conhecermos em profundidade, nos acompanham, desajustam ou reposicionam. Não raras vezes, mesmo no que ao nosso conhecimento histórico diz respeito, navegamos à vista das referências que nos são próximas e, assim, não deixam de ser curiosas as reflexões recolhidas sobre outros pontos de vista académicos (e não só) sobre Portugal, o Brasil, a Europa, olhares que possuem aquela distância a partir da qual é possível ver o mesmo de outro ângulo. A experiência imersiva, fenomenológica e hermenêutica do investigador académico, numa outra geografia, é uma presença categorialmente distinta do turista; do peregrino; do explorador; etc.

Esta viagem também constitui, por isso mesmo, um útil proveito para quem trabalha na linha de investigação da Memória e Património e no grupo de Política, Direitos Humanos e Cidadania Global. Algo se acrescenta aos vários modos de pensar a materialização da memória num tempo político em que importa pensar o passado coletivo, eliminando pungentes invisibilidades epistémicas e favorecendo uma memória crítica, respeitosa e reintegradora de passados difíceis.

 

Rui Maia Rego
Investigador do Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta

 

JUNHO 2024 #186