“Educação para a inovação e o papel da Inteligência Artificial” foram os temas escolhidos pelo comissário europeu Carlos Moedas para a sessão inaugural do ciclo de conferências que assinala os 30 anos da Universidade Aberta (UAb).
Na sessão que decorreu no passado dia 10 de maio na Sala de Atos do Palácio Ceia, em Lisboa, Carlos Moedas fez questão de realçar o pioneirismo da UAb, reconhecendo que tem estado, desde a sua fundação, um pouco antes do tempo. O que, na sua opinião, é bom, mas também pode ser mau, correndo o risco de ser incompreendida. “A Universidade Aberta percebeu o conceito de rede muito antes de tantos outros… Eu que sou estudante do Técnico lembro-me que nos anos 90 o Instituto Superior Técnico não percebia ainda esse conceito de rede e já a Universidade Aberta era, por definição, uma rede”, referiu.
Destacou, também, a abertura da Universidade ao mundo, lembrando que “o lema da europa é exatamente essa abertura ao mundo num século vivido em rede global, a contrariar fundamentalismos e populismos”.
Ao falar de conectividade, recordou, contrapondo, o conceito de soberania de Jean Bodin (1596), meramente normativo: o direito de declarar guerra, a emitir moeda ou criar impostos. Atualmente “a conectividade, mais do que a soberania, está a tornar-se no novo princípio organizativo da espécie humana”, de acordo com o Parag Khanna que inventou o conceito de “conectografia” para ilustrar um mundo onde a conectividade permite ultrapassar as limitações físicas da Geografia.
Para Carlos Moedas, o sistema educacional ainda não está preparado. “Tanto os professores como os pais pensam que podem aconselhar os jovens para terem determinada profissão, (advogados, engenheiros, médicos). Mas essas profissões vão corresponder a um número muito reduzido de profissões futuras”, acrescentou. A este respeito referiu um estudo deste ano d’ “O The World Economic Forum segundo o qual 65% dos alunos que entram hoje na escola primária trabalharão em profissões que ainda não existem”. Então, como se pode preparar alunos para profissões que ainda não existem?” – questionou.
No final da conferência, em entrevista à TSF, o reitor Paulo Dias mencionou que para o ciclo de conferências 30 anos da Universidade Aberta foram escolhidos grandes temas da atualidade, tendo destacado no discurso de Carlos Moedas, “o conceito de abertura como uma forma de soberania, a tecnologia através de expressões como a inteligência artificial (…) e por último a educação como instrumento fundamental para a construção da inovação.”
A próxima conferência está agendada já para o mês de junho e vai ter como oradora a diretora adjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
(FAO) que falará sobre a questão da sustentabilidade no mundo. A terceira e última conferência, a realizar em novembro, vai juntar especialistas em educação a distância.
Aceda às reportagens TSF sobre o evento:
14 de maio, 2018