Publicação

Os acordos transformativos fazem parte de uma estratégia definida pela cOAlition S, no sentido de encorajar as editoras com modelo convencional de publicação (revistas de subscrição) a transitarem para o modelo de publicação em acesso aberto. Os contratos são negociados entre as instituições (bibliotecas, consórcios regionais ou nacionais) e as editoras que transformam o primeiro modelo de publicação no segundo, sendo as editoras remunerados a preço justo pelos serviços prestados.

No caso português, a negociação foi feita entre a FCT/FCCN (Fundação para a Ciência e a Tecnologia/Unidade de Computação Científica), através da B-on (Biblioteca do Conhecimento online), e as editoras presentes no consórcio.

Estes acordos permitem aos autores das instituições membro da B-on, como é o caso da Universidade Aberta, publicar em acesso aberto, com condições vantajosas, em editoras de prestígio.

 

“Ser investigador é estar num processo de constante avaliação. O mundo académico é uma “economia do prestígio” em que o valor de um investigador é aferido através da atenção que as suas publicações obtêm por parte dos seus pares, decisores políticos e outros”. (Blackmore and Kandiko, 2011).

A produção científica é um indicador de desempenho das instituições académicas que concorre para o reconhecimento da relevância e impacto dos resultados da investigação, dos investigadores, das publicações e das instituições.

Tanto os resultados da investigação como os investigadores são avaliados mediante dois métodos essenciais: revisão por pares e métricas, a primeira qualitativa e as segundas quantitativas.

A avaliação da produção científica faz-se a partir da aplicação de diversos indicadores bibliométricos baseados na contagem de publicações e de citações.

A revisão por pares é usada para avaliar o conteúdo dos resultados de investigação. Trata-se do mecanismo formal de certificação da qualidade através do qual os manuscritos (por exemplo artigos de revistas, livros, candidaturas a bolsas de financiamento, e comunicações a conferências) são sujeitos ao escrutínio de outros, cujos comentários e feedback em geral são utilizados para melhorá-los e tomar decisões sobre a seleção (para publicação, alocação de bolsas de financiamento ou de tempo para falar).

A revisão por pares aberta assume significados diferentes para diferentes pessoas e comunidades, tendo sido definida como “termo abrangente para um conjunto de formas diferentes e sobrepostas em que os modelos da revisão por pares podem ser adaptados em função dos objetivos da Ciência Aberta.” (Ross-Hellauer, 2017).

As duas principais características são as “identidades abertas” em que os nomes do autor e do revisor são conhecidos por ambos (isto é, não se trata de revisão cega) e “comentários abertos” em que os comentários dos revisores são publicados juntamente com o artigo. Estas práticas podem ainda ser complementadas, ou não, por outras como a “participação aberta”, na qual os membros da comunidade em geral podem contribuir para o processo de revisão, “interação aberta”, onde a discussão entre autores e revisores, e/ou entre diferentes revisores, é permitida e encorajada, e os “preprints”, em que os manuscritos são disponibilizados online antes de qualquer procedimento formal de revisão por pares (como parte do workflow de revistas científicas ou em repositórios de preprints).
Após o processo de revisão por pares, as publicações são muitas vezes o principal meio de avaliação do trabalho de um investigador (daí a expressão “publicar ou perecer”). No entanto, avaliar a qualidade das publicações é difícil e subjetivo. Embora atualmente algumas metodologias de avaliação como a do UK Research Excellence Framework levem em consideração a revisão por pares, a avaliação de investigadores é globalmente baseada em métricas como o número de citações das publicações (h-index), ou em indicadores de prestígio da revista em que o artigo foi publicado (quantificados pelo Journal Impact Factor). O uso exclusivo destas métricas e a maneira como elas podem distorcer a avaliação tem sido enfatizado nos últimos anos por meio de declarações como o Leiden Manifesto e o San Francisco Declaration on Research Assessment (DORA).

Vantagens:

  • Revisão com “Identidades abertas” (o oposto da revisão cega) fomenta uma maior responsabilidade dos revisores e reduz as possibilidades de vieses ou conflitos de interesse não revelados.
  • Os relatórios de revisão abertos adicionam uma garantia de qualidade, permitindo que a comunidade em geral analise as revisões e os processos de tomada de decisão.
  • Combinados, as identidades abertas e os relatórios de revisão abertos contribuem para aumentar a qualidade das revisões, pois o facto de ter o seu nome publicamente associado a um trabalho científico ou de ver a sua revisão publicada incentiva os revisores a serem mais minuciosos.
  • As identidades abertas e os relatórios de revisão abertos permitem que os revisores sejam reconhecidos publicamente pelo seu trabalho de revisão, incentivando esta atividade essencial e permitindo que o trabalho de revisão seja citado noutras publicações e em atividades ligadas à progressão na carreira e agregação.
  • A participação aberta pode superar problemas associados à seleção editorial de revisores (por exemplo, preconceitos, redes fechadas, elitismo). Especialmente para investigadores em início de carreira que ainda não receberam convites para revisão, esses processos abertos também podem apresentar oportunidades para construir a sua reputação científica e desenvolver competências de revisão.

Riscos:

  • As identidades abertas retiram o anonimato aos revisores (single-blind) ou aos autores e revisores (double-blind), que tradicionalmente existiam para evitar vieses sociais (embora não haja evidências claras de que tal anonimato tenha sido eficaz). Assim, é importante que os revisores garantam que as revisões refletem apenas a qualidade científica do manuscrito, e não questões ligadas ao estatuto, currículo ou afiliação dos autores. Os autores devem assumir a mesma postura ao receber os comentários da revisão por pares.
  • Dar e receber críticas é muitas vezes um processo caracterizado por reações emocionais inevitáveis – autores e revisores podem concordar ou discordar subjetivamente sobre como apresentar os resultados e/ou o que precisa ser melhorado, acrescentado ou corrigido. Com as identidades e comentários abertos, estas divergências podem ser exacerbadas. Por esta razão, é fundamental que os revisores comuniquem os seus pontos de vista de uma forma civilizada e clara, de forma a garantir que estes são bem recebidos pelos autores.
  • A supressão do anonimato nas identidades abertas pode subverter o processo, ao desencorajar os revisores a fazer críticas, especialmente em relação a colegas mais prestigiados.
  • Por fim, considerando estas questões, existe maior probabilidade de os potenciais revisores recusarem fazer a revisão.

Recentemente as “Métricas Alternativas” ou altmetrics ganharam relevância no debate sobre uma avaliação equilibrada dos esforços de investigação que complementam a contagem de citações, contabilizando outras medidas on-line do impacto, incluindo marcadores, links, referência em blogs, tweets, likes, compartilhamentos, cobertura da imprensa e afins. Um dos aspetos críticos associados à avaliação é o facto de as métricas “tradicionais” serem produzidas e disponibilizadas por empresas (por exemplo Clarivate Analytics e Elsevier) em sistemas proprietários, o que pode colocar problemas relativos à transparência dos dados.

A Declaração de São Francisco sobre Avaliação de Investigação(DORA) recomenda que se evitem as metodologias de avaliação baseadas em indicadores de prestígio de revistas científicas, que passem a considerar-se todos os tipos de resultados de investigação e a usar-se em paralelo várias formas de métricas e métodos de avaliação qualitativa Esta declaração foi assinada por milhares de investigadores, instituições, editores e financiadores, que se comprometem a colocar estes princípios em prática.
O Manifesto de Leiden fornece orientações para um uso responsável das métricas.
Segundo Priem et al. (2010) as métricas alternativas apresentam as seguintes vantagens: são obtidas mais rapidamente que as citações; medem o impacto de resultados de investigação para além dos artigos científicos (por exemplo, conjuntos de dados, código, protocolos, posts de blogues, tweets, etc.); e podem fornecer diferentes medidas de impacto por artigo ou item.
A celeridade das métricas alternativas apresenta vantagens particularmente para os investigadores em início de carreira, cujo impacto da investigação pode ainda não estar refletido em citações, mas cuja progressão na carreira está muito dependente de boas avaliações. Adicionalmente, as métricas alternativas podem ajudar na identificação precoce de áreas de investigação importantes e de potenciais colaborações entre investigadores. Um relatório do Grupo de Especialistas em Altmetria da Comissão Europeia (Direcção-Geral de Investigação e Inovação, 2017) identificou os desafios das métricas alternativas, tais como a falta de robustez e susceptibilidade à manipulação; que quando um indicador ou métrica se torna o objetivo, deixa de ser bom indicador (“Lei de Goodhart”); a falta de uso corrente de redes sociais em algumas áreas científicas ou regiões geográficas; e a dependência de empresas para recolha dos dados primários.

Sim, pois este permite distinguir os autores e identificar de forma inequívoca a sua produção científica.

  • DOI

Pode solicitar às Bibliotecas UAb a atribuição do identificador persistente DOI (Digital Object Ientifier) para a sua produção científica, desde que esta tenha afiliação UAb e que não tenha sido ainda publicada com um identificador DOI.

  • Handle

Repositório Aberto atribui o identificador Handle a toda produção científica depositada, cumprindo as políticas de acesso aberto das agências de financiamento.

Para mais informações, contacte repositorio-aberto@uab.pt

Para mais informações – https://portal.uab.pt/dsd/atribuicao-isbn-issn-doi/

As Bibliotecas da UAb dão suporte a questões relacionadas com a gestão e atualização do perfil de investigador, nomeadamente ORCID, CIÊNCIA VITAE, SCOPUS e PUBLONS.

Sessões de formação no âmbito desta temática: REPOSITÓRIO ABERTO | Gestão do Currículo a partir do CIÊNCIA VITAE

Para mais informações, contacte cdoc@uab.pt